O que é Diabetes?

Diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica que afeta a manutenção da glicose no organismo, caracterizada por altas taxas de açúcar no sangue (hiperglicemia). Há os casos de mulheres que já eram diabéticas antes da gravidez, e aquelas que  a doença apareceu durante a gestação, também chamada de  diabetes mellitus gestacional ( DMG ).
É o problema metabólico mais comum na gestação e tem prevalência entre 3% e 25% das gestações, dependendo do grupo étnico, da população e do critério diagnóstico utilizado.
Planejar a gravidez é essencial para a mulher diabética, pois ela precisa ter o melhor controle glicêmico possível para que não haja complicações na gestação, o que pode comprometer a formação do bebê.

Rastreamento

Para o rastreamento e diagnóstico do DMG, mesmo entre escolas europeias ou americanas, não há um consenso. A maior parte delas leva em consideração a presença de fatores de risco, níveis de glicemia em jejum ou a glicemia ocasional, que é avaliada a qualquer momento do dia. Para os diagnósticos, são utilizados testes orais de tolerância à sobrecarga de glicose.
O rastreamento, ou screening, para o DMG deve ser universal (em todas as gestantes) e realizado na primeira consulta do pré-natal, através da glicemia de jejum (GJ) associada a fator (es) de risco.
São eles: idade maior que 25 anos, hipertensão arterial sistêmica, obesidade com IMC pré-gravídico maior que 25 kg/m² e antecedente de intolerância à glicose em gestação prévia.
Entre os antecedentes obstétricos: perdas gestacionais de repetição, polidramnio (excesso de líquido amniótico), macrossomia (bebês grandes ao nascer), óbitos fetal ou neonatal sem causa definida, má-formação fetal, hipoglicemia e/ou síndrome do desconforto respiratório neonatal.
Outros fatores são o excessivo ganho de peso materno na gestação vigente, uso de drogas hiperglicemiantes, como corticosteroides ou diuréticos, e síndrome dos ovários policísticos.
O rastreamento positivo (glicemia de jejum >=85 mg% e/ou presença de fatores de risco, impõe a realização de testes diagnósticos, ou seja, a realização da curva glicêmica ou teste oral de tolerância à glicose de duas horas, com sobrecarga oral de 75 g de glicose, a partir de 24 semanas gestacionais.
As gestantes com glicemia de jejum inferior a 85 mg/dl e sem fatores de risco são consideradas como rastreamento negativo.
Nesses casos, não há necessidade de prosseguir com a pesquisa de diabetes gestacional. A investigação deve ser retomada caso surjam intercorrências ao longo da evolução da gravidez vigente, como o excessivo ganho ponderal materno e estigmas fetais sugestivos de diabetes, aferidos pela assistência clínica e ultrassonográfica.
No caso de gestantes com glicemia de jejum maior ou igual a 85 mg/dl e até 125 mg/dl, associadas ou não a fatores de risco, ou aquelas com glicemia de jejum menor que 85 mg/dl, mas com fatores de risco, devem ser consideradas como rastreamento positivo e prosseguir para a segunda fase, que é a realização de curva glicêmica com sobrecarga de glicose na 24ª semana de gestação.
Se a glicemia de jejum for maior ou igual a 126 mg/dl, a gestante provavelmente é portadora de diabetes, mas deverá repeti-lo em outro momento, para se confirmar o diagnóstico.
O teste com sobrecarga oral de 75g de glicose deve ser realizado após prévio preparo, ou seja, nos três dias que antecedem a curva glicêmica, a gestante é orientada a realizar uma dieta preparatória com 250 g a 300 g de carboidratos ao dia, devendo cumprir 8 a 12 horas de jejum na noite que antecede o teste e que, durante a realização do exame, permaneça em repouso e não fume.

Diagnóstico

Os critérios de diagnóstico serão realizados através da glicemia de jejum, após uma hora e após duas horas da sobrecarga de glicose. Os pontos de corte para os valores glicêmicos são: 95 mg/dl, 180 mg/dl e 155 mg/dl, respectivamente para jejum, uma e duas horas da sobrecarga de glicose.
Quando dois ou mais valores são atingidos ou ultrapassados, a gestante deve ser considerada como portadora de DMG.
Uma vez feito o diagnóstico, ela deverá ser encaminhada para um centro de referência, com uma equipe multiprofissional especializada na assistência à gestante diabética. Tal assistência contribuirá de maneira marcante para o bom resultado materno-perinatal.

Tratamento

Na fase inicial da doença, o tratamento é baseado em dietas, exercícios físicos e controle glicêmico, entretanto, quando essas medidas já não são mais suficientes, o paciente deve partir para o uso da insulina.
Podem-se utilizar adoçantes artificiais (aspartame, sacarina, acessulfame-K e sucralose) com moderação.
Recomenda-se o monitoramento das glicemias capilares quatro a sete vezes por dia pré e pós-prandiais, especialmente nas gestantes que usam insulina. Se após duas semanas de dieta os níveis glicêmicos permanecerem elevados (jejum ≥ 95 mg/dl e uma hora pós-prandial ≥140 mg/dl, ou duas horas pós-prandiais ≥ 120 mg/d³), deve-se iniciar tratamento farmacológico.
O critério de crescimento fetal para iniciar a insulinoterapia é uma alternativa, quando a medida da circunferência abdominal fetal for igual ou superior ao percentil 75 em uma ecografia realizada entre a 29ª e a 33ª semana de

Prevenção

Manter um peso adequado antes da gestação, praticar atividades físicas e possuir uma vida saudável de um modo geral são pontos essenciais para a prevenção da diabetes durante a gravidez.
Nas consultas ginecológicas anuais, é fundamental recomendar a manutenção do peso adequado, revisando as orientações sobre dieta e atividade física.
O aleitamento materno por períodos maiores que três mese
s está relacionado à redução do risco de desenvolvimento de DM após a gestação.
O uso de contraceptivos compostos apenas de progestágenos está relacionado ao risco aumentado de desenvolvimento de DM após o parto.
Mulheres com intolerância à glicose e histórico de DMG quando reduzem 7% do peso corporal, com prática de atividade física regular ou quando utilizam metformina, tem decréscimo de 53% da incidência de DM2.
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