Não necessariamente! Então vamos ver algumas situações que podem ocorrer nesta fase do tratamento.

Após a transferência embrionária começa um período de grandes expectativas, se vai dar certo ou não. Justamente por causa disso, qualquer alteração pode ser interpretada como sinal de gravidez, que virá ou não.

Vamos começar dizendo que não há nenhum sinal ou sintoma que traduza, se você está ou não gravida. Nem que sim, nem que não!

Estou sentindo náuseas, a barriga inchou, mudou o muco vaginal, então estou gravida. Ou ao contrário, não estou sentindo nada, meu peito desinchou, não estou com fome, minha barriga não dói, então não estou grávida! Não vale nenhuma das condições.

Como então saber se estou grávida? Só o exame de sangue específico que detecta a gravidez- o beta hCG quantitativo, colhido por volta de 14 dias depois do dia da transferência embrionária.

Muitas vezes por ansiedade a paciente inicia a realização de exame de urina de farmácia, já na semana seguinte à transferência com grande decepção dos resultados, mas eles darão negativo mesmo!

O exame de urina detecta um nível menor de hormônio específico da gravidez e o resultado será positivo ou negativo (qualitativo). Normalmente tem uma sensibilidade que deve ser usado após o período de atraso menstrual. Foi para isso que foi desenvolvido.

O exame de sangue dosa especificamente a fração do hormônio da gravidez, que não se encontra no corpo e se não houver gravidez, seu resultado será um número (quantitativo), que nos dá maiores condições de analisar os resultados e dizer como está sua gravidez. Por isso peço que realize os dois, o de urina e o de sangue para maior segurança dos resultados, e em seguida marcar o exame de ultrassom transvaginal para ver o saco gestacional, sua localização e número, o(s) embrião(ões) e a atividade cardíaca.

Pronto, fizemos o diagnóstico preciso de gravidez, meus parabéns, pode iniciar o pré-natal com seu médico obstetra.

Mas nem sempre é assim, e o que mais incomoda e deixa os casais de sobreaviso, são os sangramentos vaginais. Nem sempre indicam que houve perda da gestação.

Então veremos aqui algumas condições clássicas de sangramento do primeiro trimestre de gestação e outras que poderiam ocorrer como uma variação da normalidade, como sintomas especificamente nesse início de gravidez. Não vamos incluir aqui alterações hormonais como a insuficiência de progesterona, causando falhas de implantação embrionária, porque suplementamos sempre para que não ocorra a flutuação hormonal com desfecho desfavorável.

São condições clássicas de sangramento do primeiro trimestre de gestação:

  • Ameaça de aborto
  • Prenhez ectópica
  • Doença trofoblástica gestacional

Ameaça de aborto

A ameaça de aborto ocorre quando após o diagnóstico de gravidez há sangramento vaginal e cólicas abdominais.

Significa que algo não vai bem e a gestação está em risco de perder, e deve ser avaliada por um médico, para indicar os cuidados necessários a serem instaurados.

A maioria das vezes que isso ocorre e vai para perda da gestação, a causa será genética, indicando não que vocês tem algum problema genético, mas que na formação do embrião, quando recebe 23 cromossomos do pai e 23 da mãe, essa herança veio errado e estatisticamente, a maioria das vezes, são gestações que não tem condições de ir adiante, portanto  a natureza consegue resolver espontaneamente.

Pouco se tem a fazer e em épocas não muito distantes, a orientação era só analgésico e repouso, porque se fosse por causa evitáveis, a gravidez iria adiante, apesar, com ou sem os médicos. Lógico que existem outras causas hormonais, anatômicas que por isso mesmo deve ser avaliado por seu médico.

Prenhez ectópica

A prenhez ectópica é sempre um diagnóstico de urgência e significa que a gravidez se instalou em local que não deveria, e mais comumente é nas trompas, local que com pouco crescimento do saco gestacional, ela se rompe instalando-se um quadro de urgência com sangramento para a cavidade abdominal.

Situação grave que impõe tratamento rápido, na maioria das vezes cirúrgico. Em algumas situações pode-se usar uma medicação que paralisa o desenvolvimento da gestação, quando ainda o saco gestacional está integro e aquele material será absorvido pelo corpo. O ultrassom e acompanhamento clínico são cruciais para o diagnóstico e tratamento eficiente.

Doença trofoblástica gestacional

É uma condição mais rara de degeneração das células que formam a placenta com quadro clínico de sangramento, teste positivo com números muito altos e ausência de embrião na maioria das vezes.

É também situação que deve ser feito o esvaziamento da cavidade uterina normalmente com curetagem uterina e acompanhamento clínico por um ano antes de nova gestação.

Vamos entrar em outras situações que podem ocorrer, mas que temos pouco o que fazer, se já fizemos as orientações iniciais, após a transferência embrionária. São elas:

  • Sangramento do colo uterino
  • Sangramento da cavidade uterina não relacionada à implantação embrionária
  • Sangramento da implantação embrionária

Sangramento do colo uterino

O sangramento do colo não tem nenhuma importância e normalmente acontece logo após a transferência embrionária, e é decorrente da manipulação do cateter no colo uterino, quando da sua passagem para achar o caminho correto até a cavidade uterina, encontrando o orifício interno do colo uterino.

Normalmente é de pequena intensidade sem cólicas e ocorre até 2-3 dias após a transferência. Habitualmente não precisa fazer nada e logo para.

Sangramento da cavidade uterina não relacionada à implantação embrionária

Este ocorre porque pequenas áreas de endométrio não relacionados à implantação do embrião, podem descamar e não interferem na evolução da gravidez. Mas não tem como saber!

Portanto é uma hipótese a ser avaliada, mas não tem exames que comprovem a não ser esperar o teste de gravidez. Como causa muita ansiedade e se é acompanhado de cólicas, uma coisa que se faz é aumentar a dose de progesterona, no intuito de diminuir a contratilidade uterina, o que nem sempre acontece.

Fato é que não interfere na evolução da gestação e se tiver que acontecer de engravidar, vai engravidar.

Se a carga genética embrionária não for correta, não vai engravidar; esta é a questão preponderante e não o sangramento!

Sangramento da implantação embrionária

Este é o sangramento bom! Significa que no momento da implantação, o embrião penetra no endométrio e pode ocorrer um sangramento.

Ocorre em torno de 7 dias após a transferência e não tem sinais ou sintomas que indiquem qual sangramento é, a não ser o momento em que ele ocorre.

Após tantas alternativas, não se apavore. Quando tiver acontecendo algo de anormal é conosco que deverá falar, para acompanhamento e definição do que está ocorrendo.

Tudo isso pode fazer parte de sua batalha e o sucesso virá logo em seguida. Não desanime, só tentando que acharemos seus embriões que virarão nenê!

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